São Cipriano

domingo, 18 de setembro de 2011.

Apesar do abismo histórico que os separa, muitas vezes acabam juntando os mitos e confundindo, “São Cipriano O feiticeiro”, com outro célebre Cipriano imortalizado na igreja Católica; geralmente conhecido como o “Padre Africano”. A postagem de hoje, é sobre “São Cipriano O feiticeiro”.  

São Cipriano- O feiticeiro

Cipriano nasceu em 250 d.C. na Antioquia, região localizada entre a Síria e a Arábia, pertencente ao governo da Fenícia. Cipriano era filho de pais ricos e pagãos e desde pequeno foi introduzido na feitiçaria; além de outras ciências ocultas como alquimia, astrologia, adivinhações e muitas outras modalidades pertencentes à magia.

Após muito tempo viajando pelo Egito, Grécia e outros países aperfeiçoando seus conhecimentos, aos trinta anos de idade, Cipriano chega a Babilônia a fim de conhecer a cultura ocultista dos Caldeus. Foi nesta época que encontrou a bruxa Évora, onde teve a oportunidade de intensificar seus estudos e aprimorar a técnica da premonição. Évora morreu em avançada idade, mas deixou seus manuscritos para Cipriano, dos quais foram de grande proveito. Assim, o feiticeiro dedicou-se arduamente, e logo se tornou conhecido, respeitado e temido por onde passava.

Conversão ao Cristianismo
São Cipriano e Justina


Em Antioquia vivia a bela, pura e rica donzela Justina. Seus pais ricos a educaram em cima das tradições Pagãs... Porém após ouvir pregações do diácono Prailo, Justina converteu-se ao Cristianismo, dedicando sua vida as orações e preservando sua castidade.

Aglaide um jovem muito rico ficou apaixonado por Justina, e os pais dela agora também convertidos à fé Cristã, concederam a mão da filha em casamento ao rapaz. Mas Justina não aceitou casar-se com Aglaide, então o moço desiludido recorreu a São Cipriano para que o feiticeiro aplicasse seu poder de modo que a jovem mudasse de opinião e entrega-se ao matrimônio.

Cipriano então investiu na tentação demoníaca de Aglaide sobre Justina. Fez uso de um pó mágico que despertaria a luxuria e ofereceu diversos sacrifícios empregando várias obras malignas. Mas não obteve resultado, pois Justina se defendia com muitas orações e com o sinal da cruz.

A ineficácia dos feitiços, fez com que Cipriano se desiludisse profundamente perante sua fé e se voltasse contra o demônio. Influenciado por um amigo cristão chamado Eusébio, o bruxo converteu-se ao Cristianismo chegando a queimar todos os seus manuscritos de feitiçaria e distribuir seus bens entre os pobres.
Os fantasmas

Em um capítulo de seu livro, Cipriano narra um episódio ocorrido após sua conversão:

"Numa noite de sexta-feira, caminhava por uma rua deserta quando se deparou com quatorze fantasmas. Essas aparições eram bruxas que imploravam ajuda. Cipriano respondeu-lhes que havia se arrependido de sua vida de feiticeiro, e que havia se tornado temente a Jesus Cristo. Logo depois caiu em sono profundo, e sonhou que a oração do Anjo Custódio o livraria daqueles fantasmas. Ao despertar teve uma breve visão do Anjo. Assim, auxiliado pela oração de São Gregório e do Anjo Custódio, esconjurou e livrou a alma atormentada das bruxas."

A Morte

Logo, notícias diversas sobre as obras cristãs de Cipriano e Justina chegaram até o imperador Diocleciano da Nicomédia. Assim, foram perseguidos, presos e torturados. Em frente ao imperador, foram forçados a negar a fé cristã. Justina foi chicoteada e Cipriano, açoitado com pentes de ferro. Mas ainda assim, não cederam.

Irritado com a forte resistência de ambos, o imperador lançou Cipriano e Justina em um caldeirão fervente cheio de cera e banha. Os mártires não renunciaram, e em pouco tempo, já demonstravam sofrimento. O feiticeiro Athanasio (que havia sido discípulo de Cipriano) julgou que as torturas não surtiam efeito devido a algum sortilégio lançado por seu ex-mestre. Na tentativa de desafiar Cipriano e elevar a própria moral, Athanasio invocou alguns demônios e atirou-se na caldeira. Seu corpo foi dizimado pelo calor em poucos segundos.

Após este fato, o imperador Diocleciano finalmente ordenou a morte de Justina e Cipriano. No dia 26 de Setembro de 304, os mártires e outro cristão de nome Teotiso, foram decapitados às margens do Rio Galo da Nicomédia. Os corpos ficaram expostos por seis dias, até que um grupo de cristãos recolheu-os e levou para Roma, ficando sob os cuidados de uma senhora chamada Rufina. Já no império de Constantino, os restos mortais foram enviados para a Basílica de São João Latrão.

OS LIVROS


      


O famoso livro de São Cipriano foi redigido antes de sua conversão, mas o mistério que envolve sua vida interfere também em seu livro. Uma parte dos manuscritos foi queimada por ele mesmo. A questão é que não se sabe quando, e por quem os registros foram reunidos e traduzidos do hebraico para o latim, e posteriormente levados para diversas partes do mundo.

No decorrer dos anos, o conteúdo sofreu alterações significativas. Houve uma adaptação de acordo com as necessidades e possibilidades contemporâneas; além da adequação necessária na tradução para os vários idiomas. Esses fatores colocam em dúvida a fidelidade das versões recentes, se comparadas às mais antigas.

Atualmente, não é possível falar do Livro, mas sim dos Livros de São Cipriano. As edições capa preta e capa de aço; ou aquelas intituladas como o autêntico, o verdadeiro, ou o único, enfatizam um mesmo acervo mágico central, e ainda exaltam o cristianismo e a vitória do bem sobre o mal. Porém, existem grandes diferenças no conteúdo. Enquanto alguns exemplares apresentam histórias e rituais inofensivos, outros apelam para campos negativistas e destrutivos da magia.

Num aspecto geral, encontra-se instruções aos religiosos para tratar de uma moléstia, além de cartomancia, esconjurações e exorcismos. A Oração da Cabra Preta, Oração do Anjo Custódio e outras da crença popular também são inclusas (Magnificat, Cruz de São Bento, Oração para Assistir aos Enfermos na Hora da Morte, etc.). Além dos rituais de como obter um pacto com o demônio, como desmanchar um casamento e da caveira iluminada com velas de sebo.

No Brasil, o Livro de São Cipriano é usado largamente nas religiões afro-brasileiras, e se tornou um "almanaque ocultista" de fácil acesso que se dilui na crendice popular. Há ainda os mitos que o cercam: muitos consideram ser pecado possuí-lo ou simplesmente tocá-lo. De qualquer forma, o tema São Cipriano e tudo que o cerca, é um campo de estudo e pesquisa muito interessante para os ocultistas, religiosos e aventureiros.


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1 comentários:

Michel Camarão disse...

Muito boa sua pesquisa e narração dos fatos. Um amigo certa vez me pediu para guardar dois livros do referido santo, e por curiosidade li algumas páginas... minha querida, não sei se por sorte ou por azar, li justamente algumas páginas que não me agradaram nem um pouco. Se vc conclama forças desconhecidas, vc desconhece oq pode acontecer...